quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Sua Postura - Seu Poder

Há umas semanas saiu uma reportagem na Folha Equilíbrio falando sobre uma professora da Harvard que estudou o efeito de certas posturas na sensação de poder das pessoas.
Achei muito interessante, pois canso de falar que a postura é nosso cartão de visitas, que ela conta muito da nossa história e da nossa personalidade. Então a postura mexe com nossas emoções e se tratarmos dela estaremos mexendo também com as emoções. E é isso que os fisioterapeutas (como eu) acabam percebendo nos seus consultórios quando "melhoram" a postura de seus pacientes. Não é só o fato de estar com o sistema músculo-esquelético mais equilibrado e mais funcional que faz com que os pacientes se sintam bem...é mais que isso, mexemos na emoção dessas pessoas!!!!

Posturas que dão poder!!!

Eu acho isso incrível. Na verdade não deveria haver a divisão corpo-mente que costumamos fazer. Somos tudo junto, cabeça-coração-músculos e etc. O corpo fala, é só saber sentir, ouvir e enxergar: A mente fala através do corpo, não há dúvida!!! E agora essas pesquisadoras tocaram nesse ponto. Na verdade a pesquisa tem muitas limitações, mas é um começo, mostrando inclusive alterações hormonais decorrentes da postura.

Vejam só o que fala a pesquisa:


Os seres humanos e outros animais expressam poder através de posturas abertas, expansivas, e expressam impotência, medo através de posturas de contração, fechadas. Mas será que essas posturas podem mesmo causar poder? Os resultados do  estudo confirmaram a hipótese que "posturas de alto poder" causariam alterações neuroendócrinas e mudanças de comportamento tanto em participantes do sexo masculino como feminino:  poses de poder promovem elevação da testosterona e diminuição do cortisol, aumentando os sentimentos de poder e tolerância ao risco; poses de "fraco poder" provocaram o padrão oposto. Em suma,
executar posturas promove adaptações psicológicas, fisiológicas e comportamentais, que vão além do simples pensamento, influenciando até tomadas de decisão.


A sensação de estar no controle é muito poderosa, torna o indivíduo mais confiante, e é algo que os outros podem sentir e perceber.

Amy Cuddy  (Harvard Business School),  e Dana  Carney (Columbia) mostraram através de seu experimento que manter-se em uma "pose de alto poder" por menos de dois minutos faz com que as pessoas sintam-se mais poderosas e mais dispostas a assumir riscos.
Como o gráfico abaixo mostra, elas verificaram que as poses de poder podem alterar a liberação de certos hormônios: a testosterona aumenta, o que faz você se sentir dominante, e o cortisol diminui,reduzindo o estresse:

Power Pose

Metodologia do estudo:
42 participantes (26 mulheres e 16 homens) foram aleatoriamente designados para fazer posturas de alto ou baixo poder. Os participantes não sabiam do real objetivo do estudo e acharam que a análise era sobre os possíveis  efeitos da colocação diferente de eletrodos de eletrocardiograma, acima e abaixo do coração. Os participantes foram colocados por um pesquisador em posturas de "alto ou baixo poder". Cada participante realizou duas posturas de 1 min cada. A atitude  dos participantes em relação a assumir riscos foi avaliada com uma tarefa, tipo jogo; os sentimentos foram medidos através de auto-relatos. Amostras de saliva,  foram usadas ​​para testar os níveis de cortisol e testosterona  antes e aproximadamente 17 minutos após a permanência nas poses 

As Posturas:
 
Power poses
As posturas acima eram as de alto poder e as abaixo eram as de baixo poder. O poder foi relacionado com expansividade (ocupar mais ou menos espaço) e abertura (manter braços abertos ou fechados, por exemplo). Antes de aplicar a pesquisa foram feitos pré-testes para validar as posturas.



Algumas conclusões das pesquisadoras:
Simplesmente mudando a postura física, um indivíduo prepara seus sistema mental e fisiológico para suportar
situações de dificuldade e estresse, e, talvez, consiga realmente melhorar a confiança e o desempenho em situações como entrevistas de emprego, falar em público, discussões com superiores e etc. A prática constante poderia levar ao aprendizado e à mudança comportamental. Ao longo do tempo essas mínimas mudanças  posturais poderiam melhorar a saúde geral e o bem-estar de uma pessoa. 


Opinião pessoal: não acredito que somente executando algumas posturas consigamos realmente mudar tanto o comportamento ao ponto de enfrentar uma situação muito difícil. O que a pesquisa mostra é que padrões motores ou posturais trazem repercussões fisiológicas, com liberação de substâncias que vão por sua vez trazer repercussões comportamentais. Esse seria um ciclo, onde não há como dissociar o físico do mental. Portanto ao trabalharmos nosso corpo, melhoramos nossa aparência, melhoramos nossa postura e melhoramos a maneira de encarar o mundo e as situações adversas.

E você, o que está esperando para se mexer e trabalhar seu corpo/mente?


um abraço

Depressão - Um Mal Comum





Vocês sabiam que dia 10 de outubro  foi o comemorado o Dia Mundial da Saúde Mental ? É uma data comemorativa promovida pela Federação Mundial para Saúde Mental para lembrarmos da importância deste tema no contexto da Saúde.  A cada ano é escolhido um tema diferente para ser debatido: este ano foi a Depressão.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde a depressão afeta mais de 350 milhões de pessoas de todas as idades, em todas as comunidades, o que mostra uma grande prevalência em todo o mundo. Quando falamos de depressão falamos de uma doença que interfere de forma muito negativa na qualidade de vida das pessoas, e que muitas vezes deixa de ser diagnosticada corretamente, trazendo danos pessoais, profissionais e sociais aos seus portadores.


Retirei um artigo interessante do site do DR. Drauzio Varella, como um teste prático para depressão. Veja abaixo ou acesse http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/diagnostico-de-depressao/



"Depressão é a tristeza quando não acaba mais. É uma doença que ataca tão sub-repticiamente  que a maioria dos que sofrem dela nem percebem que estão doentes. De cada dez pessoas que procuram o médico, pelo menos uma preenche os requisitos para o diagnóstico de depressão.
Do início insidioso, a depressão evolui continuamente para quadros que variam de intensidade e duração. Nos casos mais simples, a pessoa pode curar-se por conta própria em duas a quatro semanas. Passado esse período sem haver melhora, os especialistas recomendam atenção e tratamento, porque a depressão prolongada pode levar a suicídio e mortes por causas naturais.
Para ajudá-lo a identificar os sintomas da depressão acompanhe o algoritmo abaixo, retirado da quarta edição do “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV):
1) Durante o último mês, você esteve frequentemente chateado por se sentir deprimido e desesperançado?2)Durante o último mês você esteve frequentemente chateado por sentir falta de interesse nas atividades?
 Sim  Não Sim  Não
Se a resposta foi não a ambas as perguntas, é pouco provável que você tenha depressão. Mas, se uma das respostas foi sim, esteja atento a outros sintomas da doença.
O diagnóstico de depressão requer a presença de cinco ou mais dos seguintes sintomas que incluam obrigatoriamente espírito deprimido ou anedônia, durante pelo menos duas semanas, provocando distúrbios e prejuízos na área social, familiar, ocupacional e outros campos da atividade diária.
1) Estado deprimido: sentir-se deprimido a maior parte do tempo, quase todos os dias;
2) Anedônia: interesse ou prazer diminuído para realizar a maioria das atividades;
3) Alteração de peso: perda ou ganho de peso não intencional;
4) Distúrbio de sono: insônia ou hipersônia praticamente diárias;
5) Problemas psicomotores: agitação ou apatia psicomotora, quase todos os dias;
6) Falta de energia: fadiga ou perda de energia, diariamente;
7) Culpa excessiva: sentimento permanente de culpa e inutilidade;
8) Dificuldade de concentração: habilidade frequentemente diminuída para pensar ou concentrar-se;
9) Idéias suicidas: pensamentos recorrentes de suicídio ou morte.
De acordo com o número de itens respondidos afirmativamente, o estado depressivo pode ser classificado em três grupos:
1) Depressão menor: 2 a 4 sintomas por duas ou mais semanas, incluindo estado deprimido ou anedônia;
2) Distimia: 3 ou 4 sintomas, incluindo estado deprimido, durante dois anos, no mínimo;
3) Depressão maior: 5 ou mais sintomas por duas semanas ou mais, incluindo estado deprimido ou anedônia. "


Para trazer algo novo sobre o tema pesquisei os artigos mais citados recentemente referentes à depressão e selecionei um que fala do papel do sono na depressão. Num mundo tão agitado como está o nosso, muitas pessoas tem dificuldades com o sono, então achei interessante relacionar os 2 temas aqui:

Perturbações profundas no sono ocorrem em transtornos do tipo depressão maior  e em distúrbios afetivos bipolares. Alterações nas fases mais profundas do sono têm sido documentadas em pacientes com depressão maior. Assim, é evidente que a compreensão dos mecanismos básicos da regulação do sono é essencial para a análise da fisiopatologia dos transtornos depressivos. Há uma região chamada  núcleo supraquiasmático, onde funciona o relógio mestre do ciclo circadiano no nosso corpo, que desempenha um papel importante na regulação do ritmo de sono / vigília e interage ativamente com os processos homeostáticos (de equilíbrio) que regulam o sono. É aí que ocorre a secreção de melatonina, um hormônio cuja principal função é regular o sono.
A transição da vigília para o sono está associada com o aumento da secreção noturna de melatonina. Vários estudos mostram que pacientes deprimidos exibem distúrbios tanto em amplitude como na forma do ritmo de secreção de melatonina e que a melatonina pode melhorar a qualidade do sono nestes pacientes. A escolha de um antidepressivo adequado que melhora a qualidade do sono é, portanto, importante durante o tratamento de um transtorno depressivo.

fonte:
Psychiatry Research
Volume 165, Issue 3 , Pages 201-214, 28 February 2009

Pathophysiology of depression: Role of sleep and the melatonergic system



Christian Krohg-Sovende mor med barn 1883.jpg

Procurei citar 2 fontes interessantes para chamar a atenção das pessoas para uma doença grave e que muitas vezes passa despercebida. espero ter conseguido ajudar e informar!!!!
Um abraço



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

VAMOS FECHAR OS OLHOS?






Que tal fecharmos mais nossos olhos?

O mundo anda tão louco, tão agitado, tão repleto de luzes e informações que andamos esquecendo de fechar nossos olhos. Na verdade eles só se fecham na hora de dormir....e olha que alguns nem bem dormir conseguem mais, não é mesmo? A insônia aparece e nos tenta roubar os olhos fechados.

Fechar os olhos é tão importante!!! Pense nas coisas que fazemos de olhos fechados: são os abraços longos, apertados e verdadeiros; são os beijos apaixonados; são as músicas que nos tocam; são os perfumes que nos estimulam; são os suspiros profundos de satisfação.....entre outros que não me lembro agora.

Fechar os olhos é enxergar para dentro, é sentir, é perceber, é reconhecer, é se auto-conhecer.
E estamos cada vez mais fechando menos os olhos. Olhamos tudo a nossa volta de maneira direta e indireta. Mandamos mensagens e ficamos sabendo detalhes da vida de tantas pessoas a todo minuto usando os telefones e as redes sociais. Mas ao mesmo tempo NOS olhamos cada vez menos.
Faz quanto tempo que você não fica sozinho? Faz quanto tempo que você não pára alguns minutinhos para sentir seu corpo, para saber como está sua respiração, para ouvir seu coração, para perceber seus músculos, suas articulações e sua pele? Provavelmente a maior parte das pessoas não faz isso há tempos......Infelizmente......

É preciso pausa para sentir, perceber, refletir, decidir. Nenhum ciclo finaliza ou floresce sem pausa...é só vermos as estações do ano....é só observarmos os animais e as plantas......
Se tentarmos fechar mais os olhos para fora enxergando mais para dentro acho que podemos melhorar o mundo, porque cada um que melhora si próprio vai formando uma corrente poderosa, que melhora o resto do mundo.
Pense nisso, feche mais seus olhos!!!!!

"Fez-se uma pausa no tempo, cessou todo meu pensamento, e como acontece uma flor também acontece o amor...Assim, sucedeu assim e foi tao de repente que a cabeça da gente vira só coração..."
Tom Jobim